Tensão e resistência via pichações - A reação a “Lula livre” e “Lula pela democracia”/ Tension and resistance via graffiti - The reaction to “free Lula” and “Lula for democracy”
DOI:
https://doi.org/10.34117/bjdv5n11-241Keywords:
pichação, tensão, semiose.Abstract
Pichações são formas de expressão de resistência próprias da dinâmica urbana. Sua semiose envolve elementos espaço-temporais das cidades, da concentração das problemáticas humanas. São vivências que refletem e provocam tensões. A prisão do ex-presidente Lula - em sete de abril de 2018 - teve como uma das repercussões muitas pichações, especialmente chamando “Lula livre” e “Lula pela democracia”. Imediatamente plataformas midiáticas fizeram referências às pichações como ataques ao patrimônio e à democracia. Não houve contextualização das ações como reação a um processo mal conduzido e prisão política. Nessa relação, os objetivos aqui são observar o papel da pichação em cenários sócio-comunicacionais a partir da atenção dada por plataformas midiáticas a pichações relacionadas à prisão de Lula; destacar a inversão que se apresenta nas plataformas midiáticas, onde a vivência da democracia é apresentada como vítima das pichações; e, então, pensar sobre a relação entre a vida em sociedade e as pichações, o que valoriza seu aspecto de reação a uma tensão, logo, resistência. Tal percurso tem como base a observação de dispositivos midiáticos que procuram configurar a percepção da sociedade, de seus destaques em relação à temática da pichação, de comentários postados quanto a essas menções. Procurou-se, a partir do olhar de matriz peirceana - em que pensar é fazer semiótica - valorizar a relação e a tensão, e compreender mais fortemente a importância dos aspectos sociais na semiose, trazendo, para tanto, um pouco da visão latino-americana de Echeverría, que situa o ser humano como sujeito de transformaçãoReferences
AUSTIN, John. Quando dizer é fazer. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
CORREA, Laura G. Pixo, arte de rua, publicidade: entre tensão, apropriação e resistência. In: CASTRO, P. C., FAUSTO NETO A., HEBERLÊ, A. et al (orgs.) A rua no século XXI – materialidade urbana e virtualidade cibernética. Maceió – AL: EDUFAL, 2014; p. 167 a 184.
DIESEL, Ursula Betina. Intervenções visuais urbanas em Brasília: ação para circulação de vozes. In: Anais do VI Colóquio Semiótica das Mídias. vol. 6, nº 1. Japaratinga, AL: UFAL, 2017; p. 1 a 13.
ECHEVERRÍA, Bolívar. El ethos barroco. In: Modernidad, mestizaje cultural, ethos barroco. México: UNAM/El Equilibrista, 1994.
ECHEVERRÍA, Bolívar. Cultura y Barbarie. Presentado en el Coloquio: Cultura contra Barbarie, en la Mesa: Cultura, Identidad y Política. México: UNAM, 2011.
FERRARA, Lucrécia D’Alessio. Meio, mídia e mediação. Matrizes. Nº 2. Abril 2008.
LOTMAN, Iuri M. La semiosfera I: semiótica de la cultura y del texto. Universitat de Valência: Frónesis, 1996. 174 p. Seleção e tradução do russo por Desiderio Navarro. Disponível em: http://culturaspopulares.org/populares/documentosdiplomado/I.pdf
PEIRCE, Charles S. Semiótica. São Paulo: Perspectiva, 2000.
RIVERA, Silvia. Sociología de la imagen: miradas ch'ixi desde la historia andina. Ensayos. 1ª ed. Buenos Aires: Tinta Limón, 2015.
RUSSI, Pedro (org.). Processos Semióticos em Comunicação. Brasília - DF: Editora UnB, 2013.
RUSSI, Pedro. Grafitis – Trazos de imaginación y espacios de encuentros. Barcelona: Editorial UOC, 2015.
SILVA, Armando. El grafiti como parte de los imaginarios urbanos. Recuperado de www.alonsogil.com%2Ftextos-articulos-3%2Farmando-silva-el-graffiti-comoparte-de-los-imaginarios-urbanos, 2006.
VERON, Eliseo. A rua, uma proposta (apresentação). In: CASTRO, P. C., FAUSTO NETO A., HEBERLÊ, A. et al (orgs.) A rua no século XXI – materialidade urbana e virtualidade cibernética. Maceió – AL: EDUFAL, 2014; p. 13 a 21.